Vamos encarar uma verdade incômoda: em 2025, ser turista em certos lugares virou quase um insulto. Cidades como Barcelona, Veneza, Amsterdã e até Machu Picchu estão dizendo “basta” ao overtourism — o turismo em massa que, em vez de impulsionar a cultura e a economia local, vem esgotando moradores e sufocando os destinos.
Sabe aquela sua selfie num canal veneziano? Pode estar sendo observada com impaciência por quem só quer voltar pra casa sem desviar de milhares de malas nas calçadas.
Mas o que está acontecendo com os destinos mais icônicos do planeta? E como continuar viajando sem ser visto como um invasor? Respira fundo, passaporte em mãos e vem entender como ser um viajante mais consciente.
O que é overtourism? — e por que isso se tornou um problema global
Overtourism vai muito além das multidões na sua frente na hora da foto perfeita. É quando o número de visitantes ultrapassa o que aquele local consegue sustentar — em infraestrutura, cultura e meio ambiente.
As consequências?
- Moradores forçados a deixar suas casas por causa de aluguéis altíssimos
- Aumento de lixo e danos em áreas históricas
- Tradições locais virando espetáculo para turista ver
- E o mais triste: cidades perdendo sua essência, grupo turístico por grupo turístico
Destinos que estão dizendo “chega!”
1. Veneza – Um patrimônio à beira do colapso
Com menos de 50 mil moradores no centro histórico e mais de 20 milhões de visitantes por ano, a cidade não respira sem tropeçar em grupos guiados por bandeirinhas.
Medidas já adotadas:
- Cobrança de entrada para visitantes de um dia (€5, desde 2024)
- Restrição à entrada de grandes cruzeiros
- Sistema de reserva obrigatória em dias de pico
2. Barcelona – A cidade que cansou de ser “parque temático”
Tapas, Gaudí e praias atraem multidões, mas o charme virou fardo. Em 2025, os protestos voltaram às ruas com mensagens como “Barcelona no es un parque temático”.
O que mudou:
- Regras mais rígidas para novos Airbnbs
- Fiscalização contra comportamentos de “turismo tóxico”
- Limite de 20 pessoas por grupo turístico em bairros históricos
3. Amsterdã – Recriando a própria imagem
A capital holandesa quer se livrar da fama de “playground europeu”. Com campanhas como Stay Away, o recado é claro: se for pra vir, venha com respeito.
As ações:
- Proibição de tours guiados no Red Light District
- Bloqueio a novas lojas voltadas exclusivamente a turistas
- Aumento nas taxas de hospedagem e incentivo ao turismo em bairros menos visitados
E eu com isso? Como viajar sem ser o turista inconveniente?
1. Escolha bem a época
Fuja da alta temporada. Evitar o verão europeu ou feriados globais faz bem pra você e pro destino.
2. Vá além do roteiro óbvio
Quer ver o Coliseu? Vá. Mas reserve parte da viagem para descobrir bairros menos explorados, pequenas cidades ou experiências rurais. Uma noite em Nîmes pode ser mais francesa que uma semana em Paris.
3. Gaste com propósito
- Prefira hospedagens de moradores
- Apoie restaurantes frequentados por locais
- Contrate guias independentes
- Escolha experiências que respeitem a cultura e o meio ambiente
4. Aprenda o mínimo do idioma
Um “por favor” ou “obrigado” no idioma local muda tudo. Mostra respeito e interesse genuíno.
5. Informe-se antes de ir
Entenda os dilemas locais, as regras culturais e evite gafes que pareçam inocentes mas são ofensivas — como subir em monumentos históricos.
Turismo do futuro: mais consciente, mais leve e mais significativo
Viajar é um privilégio. Mas, mais do que isso, é uma responsabilidade. O novo turismo pede menos pressa e mais empatia. Não se trata de abrir mão das aventuras e das fotos incríveis, mas de dar a elas um significado mais profundo — um que respeite os lugares e quem vive neles.