Chernobyl: Do Desastre Nuclear ao Turismo (Quase) Radioativo

Já pensou em visitar um lugar onde o tempo parou em 1986, onde a natureza retomou seu espaço e a radiação ainda é uma preocupação real? Pois é, Chernobyl sempre atraiu os curiosos e os corajosos — mas antes de preparar a mochila e o contador Geiger, é bom entender como as coisas mudaram por lá.


Antes da guerra: o auge do turismo nuclear

Logo após o desastre de 1986, Chernobyl virou símbolo de catástrofe e abandono. Mas com o passar dos anos, a curiosidade superou o medo. Em 2011, o governo ucraniano passou a permitir visitas guiadas à famosa Zona de Exclusão, o que atraiu milhares de turistas buscando uma experiência única — e, convenhamos, um pouco mórbida.

O ápice aconteceu em 2019, quando a minissérie da HBO Chernobyl chamou atenção do mundo. Mais de 125 mil pessoas visitaram a região naquele ano. Os passeios incluíam a cidade-fantasma de Pripyat, o reator 4 (hoje coberto por um novo sarcófago) e até o parque de diversões que nunca chegou a ser inaugurado.


Depois da invasão: o turismo parou

Com a invasão russa à Ucrânia em fevereiro de 2022, a Zona de Exclusão foi ocupada por tropas russas. Houve preocupações sobre danos à estrutura do reator e possíveis alterações nos níveis de radiação. Desde então, a área está restrita: apenas militares e pessoal autorizado têm acesso.

Minas terrestres, risco de confronto e instabilidade geral tornam inviável qualquer visita civil. Em outras palavras: não é seguro nem permitido visitar Chernobyl em 2025.


É possível visitar Chernobyl hoje?

A resposta curta: não.

O turismo está suspenso por tempo indeterminado. Embora algumas empresas ainda ofereçam experiências virtuais ou imersivas online, a visita física permanece fora de cogitação — e com razão.


Para quem busca uma dose de adrenalina histórica: alternativas reais

Se você já estava sonhando com cada pedaço enferrujado de Pripyat, calma. O mundo ainda oferece experiências intensas, com histórias impactantes e aquele clima de abandono que só lugares marcados por tragédias carregam. Aqui vão duas opções:


1. Semipalatinsk, Cazaquistão – o “Chernobyl Asiático”

Antes de Chernobyl, a União Soviética já testava bombas nucleares no leste do Cazaquistão. Mais de 450 testes foram feitos em Semipalatinsk entre 1949 e 1989.

Hoje, é possível visitar áreas monitoradas no antigo polígono com a ajuda de guias especializados. É uma viagem densa: instalações abandonadas, paisagens áridas e um silêncio perturbador.

  • Custo médio: a partir de US$ 400 por 2 dias de tour
  • Melhor época: entre maio e setembro
  • Importante: precisa de aprovação prévia e acompanhamento oficial

2. Fukushima, Japão – o equilíbrio entre memória e reconstrução

Após o desastre de 2011, parte da área ao redor da usina nuclear foi reaberta. Com investimentos em segurança, é possível visitar vilarejos, museus e até conversar com moradores que decidiram voltar para casa.

É um passeio emocionalmente forte — e extremamente educativo.

  • Custo médio: a partir de US$ 150 por tour guiado
  • Regras: só com agência credenciada e em áreas liberadas

Por que somos atraídos por locais de catástrofe?

O chamado “dark tourism” — ou turismo de desastre — cresce a cada ano. Será curiosidade? Vontade de entender a história de perto? Talvez seja um pouco de tudo.

Visitar lugares como Chernobyl, Hiroshima ou Ground Zero desperta algo profundo: uma mistura de respeito, medo e empatia. É uma forma de se conectar com a história de maneira real e visceral — e talvez até entender melhor a nós mesmos.


E o futuro do turismo em Chernobyl?

Ainda é incerto. O sarcófago que cobre o reator 4 segue sendo monitorado remotamente, e há especulações sobre a reabertura da área em um futuro mais seguro.

Por ora, a prioridade é proteger o meio ambiente e a vida humana. Mas há esperança de que, com estabilidade e segurança, Chernobyl possa voltar a receber visitantes — com guias especializados, equipamentos obrigatórios e aquele silêncio impressionante que define o local.


Para visitar com os olhos (e de pantufas)

Se você está em clima de “turismo radioativo” mas prefere não sair do sofá, aqui vão algumas sugestões para mergulhar nesse universo sem correr riscos:

  • Chernobyl (HBO): minissérie brilhante, intensa e muito fiel aos fatos.
  • The Babushkas of Chernobyl: documentário sobre senhoras que decidiram voltar a viver na Zona de Exclusão.
  • Chernobylite: jogo que mistura ficção com cenários reais escaneados da região.

Conclusão: uma lição que continua atual

Chernobyl é mais do que um destino turístico. É uma advertência histórica sobre os riscos da tecnologia mal administrada e sobre as consequências duradouras dos erros humanos.

Mesmo com o turismo suspenso, as histórias continuam vivas — nos livros, nas telas e nos relatos de quem esteve lá. Enquanto não podemos caminhar fisicamente por esse pedaço da história, ainda podemos aprender com ele. E isso, talvez, seja o mais importante.

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