De tempos em tempos, as companhias aéreas surgem com propostas inusitadas para cortar custos — nem sempre priorizando o conforto de quem viaja. Em março, uma nova (e polêmica) ideia voltou aos holofotes: criar fileiras de assentos em dois andares para acomodar mais passageiros por voo. Na esteira dessa proposta, ressurgiu um projeto ainda mais ousado — e desconfortável: o passageiro viajar praticamente em pé.
Essa ideia não é exatamente nova. Michael O’Leary, CEO da Ryanair, já havia demonstrado entusiasmo por esse conceito há mais de uma década. O plano era substituir parte dos assentos da classe econômica por uma solução batizada de Skyrider 2.0 — uma espécie de selim de bicicleta, projetado pela empresa italiana Aviointeriors. Lançado em 2018, esse modelo permitiria aumentar a capacidade das aeronaves em até 20%.
Passagens mais baratas em viagens mais curtas
Segundo as companhias que defendem a proposta, o objetivo é tornar as passagens mais acessíveis, especialmente para voos curtos, com duração inferior a duas horas. No entanto, a ideia não escapou das críticas. Especialistas e passageiros apontam preocupações com conforto, segurança em caso de turbulência e riscos à saúde em trajetos mais longos.
Os fabricantes, por outro lado, garantem que os assentos verticais seguem todas as normas internacionais de segurança e que seu uso será limitado a rotas específicas. Os defensores da proposta comparam a experiência a viagens de pé em ônibus ou trens urbanos — com a vantagem de tarifas mais baixas.
Em um setor que vive em constante reinvenção, os assentos verticais podem representar tanto uma revolução quanto um retrocesso. O que ainda está em aberto é a aceitação do público. Será que os passageiros estão dispostos a abrir mão do pouco conforto atual em troca de preços mais baixos?
A previsão é de que os novos assentos comecem a ser implantados a partir de 2026.