Se você ainda associa vinho apenas a castelos franceses ou vilarejos italianos, está na hora de repensar seu decanter. A Nova Zelândia, terra dos kiwis, hobbits e esportes radicais, também é um destino vinícola de classe mundial — uma combinação de terroirs excepcionais com uma natureza selvagem, quase de outro planeta. Esqueça multidões, filas e selfies desenfreadas. Aqui, cada vinícola é uma descoberta íntima. E, acredite, que descoberta.
As duas joias da coroa vinícola neozelandesa
Marlborough (Ilha Sul – Norte)
Principal e mais prestigiada região produtora do país, Marlborough é o berço do Sauvignon Blanc mais expressivo do planeta. O clima fresco, as brisas marítimas e os generosos dias de sol resultam em vinhos brancos de acidez vibrante, aromas tropicais intensos e uma pureza quase cristalina.
Central Otago (Ilha Sul – Sul)
Uma das regiões vinícolas mais ao sul do mundo, é especializada em Pinot Noir de elegância rara. Os vinhedos, plantados em altitudes elevadas e cercados por lagos glaciais e montanhas nevadas, produzem vinhos com profundidade e alma. Degustar um Pinot aqui é como beijar um iceberg com emoção.
Roteiro dos sonhos: 5 dias (e meio suspiro de encantamento)
Dia 1 – Chegada a Blenheim (Marlborough)
- Voo partindo de Auckland ou Wellington.
- Check-in em uma guesthouse charmosa com vista para os vinhedos (dica: The Marlborough).
- Almoço leve no Wairau River Wines.
- Degustação ao entardecer na icônica Cloudy Bay — referência global em Sauvignon Blanc, com frescor que parece recém-saído do orvalho.
Dia 2 – Tour de bike entre vinhas
- Alugue uma bike (ou e-bike) e explore a Rapaura Road, com vinícolas a cada esquina.
- Paradas imperdíveis:
- Villa Maria: gigante com alma de vinícola artesanal.
- Hans Herzog: pequena, biodinâmica e com menus degustação impecáveis.
- Allan Scott: descontraída, com ótima gastronomia e vinhos versáteis.
- Almoço orgânico no Rock Ferry Wines.
- Final de tarde com piquenique entre vinhas, queijos locais e vista inesquecível.
- (Dica: se o vinho pesar nas pernas, transfers estão disponíveis para o retorno.)
Dia 3 – De Marlborough a Central Otago
- Voo curto até Queenstown (1h).
- Aluguel de carro e partida rumo à região vinícola de Gibbston Valley.
- Tour completo na Gibbston Valley Winery, famosa por suas adegas escavadas na rocha.
- Hospedagem rústico-chique no Kinross Cottages.
- Jantar no sofisticado Amisfield Bistro, com menu sazonal e carta de vinhos irrepreensível.
Dia 4 – Pinot Noir e paisagens de tirar o fôlego
- Explore o Bannockburn Wine Trail, próximo a Cromwell.
- Vinícolas imperdíveis:
- Felton Road: referência mundial em Pinot biodinâmico.
- Mount Difficulty: estrutura moderna e gastronomia impecável.
- Carrick Winery: vista dramática e vinhos autorais.
- Experiência especial: degustação de barrica guiada por enólogos (sob reserva).
- Tarde livre para passeio de caiaque ou barco no sereno Lake Dunstan.
- Jantar com cordeiro local e rosé gelado ao pôr do sol.
Dia 5 – Espumantes, trilhas e despedida perfeita
- Café da manhã com vista para os Alpes do Sul.
- Visita à Quartz Reef Wines, mestre em espumantes feitos pelo método tradicional.
- Caminhada leve entre os vinhedos de Bendigo, com panoramas de tirar o fôlego.
- Almoço em Queenstown com sobremesa feita com redução de Pinot Noir e frutas da estação.
Quando visitar
Estação | Clima | Destaques |
---|---|---|
Outubro a Abril | Primavera/Verão | Época ideal para colheitas, festivais, bike e piqueniques |
Maio e Junho | Outono | Menos turistas e vinhedos tingidos de cores incríveis |
Julho a Setembro | Inverno | Estações de esqui em Queenstown – vinho e neve combinam bem |
Dica: Muitas vinícolas exigem reservas antecipadas, especialmente as menores e mais disputadas. Tours de degustação frequentemente incluem refeições ou tábuas de petiscos.
Experiências extras imperdíveis
- Marlborough Wine & Food Festival (fevereiro) – Encontro de vinícolas, música ao vivo e chefs locais.
- Trilhas entre vinhedos em Cromwell e Bendigo – Panoramas deslumbrantes e paradas espontâneas para uma taça.
- Wine & Hike – Tours que combinam trilhas leves com visitas a vinícolas. Ótima desculpa para merecer aquele Sauvignon.
Como chegar e se locomover
- Aeroportos principais: Auckland e Wellington.
- Voos regionais para Blenheim e Queenstown são frequentes.
- Melhor opção de transporte: carro alugado — lembre-se: na Nova Zelândia, dirige-se pela esquerda!
- Em Marlborough: tours de bicicleta e transfers locais funcionam muito bem.
Por que incluir a Nova Zelândia na sua lista de destinos vinícolas?
Porque aqui o vinho é tratado com seriedade, mas sem pretensão. Porque cada gole revela uma conexão direta com a terra. Porque a experiência é silenciosa, autêntica, profunda. E porque beber um Pinot Noir diante de uma montanha nevada faz a vida parecer, de fato, mais justa.